quinta-feira, 7 de maio de 2015

O gigante adormecido acorda e reage

Análise para Rede Pan Amazônica de emissoras, em Quito Equador

Padre Edilberto Sena, da Rede de Notícias da Amazônia - 06.05.2015

Não é tão elegante criticar seu país para fora das fronteiras, mas também não é ético esconder uma realidade, quando esta prejudica a maioria da população, só porque é no meu país. Ainda mais quando o país é o Brasil, visto como o mais rico da América Latina e líder da América do Sul.
É verdade que a economia do Brasil, apesar de estar em crise, se inclui na lista das dez mais ricas do planeta. Porém, quando se avalia o desenvolvimento humano desse gigante, a situação chega a ser escandalosa. Um quarto dos 200 milhões de habitantes do país vive na miséria catalogada pelo programa bolsa família do próprio governo federal.
Nestes dias se prolongam greves de trabalhadores na educação em cinco estados brasileiros. Professores estaduais estão parados a mais de 40 dias de greve. São um mil e cinquenta e quatro escolas fechadas em 120 municípios, com prejuízos também para cerca de  700 mil estudantes, crianças e adolescentes do ensino fundamental e médio. Não cedem os governadores e não cedem os educadores.
Os governadores dos cinco estados alegam não terem recursos para atender às exigências dos educadores. Estes, exigem, além de salários mais dignos, escolas em condições de serem espaços para educar  crianças e jovens. Na questão salarial eles exigem ao menos que os governos cumpram a lei do piso nacional de salários de educadores, igual a R$ 1.972,00  (um mil e novecentos e setenta e dois reais), equivalentes a US$ 600,00 dólares. Exigem também um plano de cargos e salários, como prevê a lei nacional.
Os educadores no Brasil recebem salários menores que nos países vizinhos, como Argentina, Uruguai, Venezuela e Peru.
O governo federal, também responsável pela educação, acuado pela crise econômica do país, aplica apenas 6,1% do Produto Interno Bruto, PIB em educação, quando os educadores reivindicam 10% do PIB para educação. Para complicar mais, neste ano de crise o governo diminuiu 7 bilhões de reais do orçamento para educação. Isto revela como a educação não é prioridade para o governo federal que gastou bilhões com a copa do mundo do ano passado e com as olimpíadas do próximo ano. Numa lista de 35 países pesquisados em educação pela ONU, o Brasil é o penúltimo lugar.
Assim é possível se dar razão aos educadores em greve, mesmo que isso cause grave prejuízo aos estudantes e suas famílias. O crime é dos governantes e por isso o gigante reage.

Nenhum comentário:

Postar um comentário