Uma aldeia indígena localizada em Viana (MA) foi atacada ontem (30) por homens armados com facões e armas de fogo.
De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), pelo menos 13 índios foram feridos, dois deles tiveram as mãos decepadas e cinco foram baleados. Na região, está localizado o Povoado das Bahias, área da etnia gamela. Segundo informações do Cimi, os índios feridos foram socorridos no Hospital Socorrão 2, em São Luís. Dois índios foram alvo de tiros de raspão no rosto e já receberam alta. Os demais seguem internados. No caso mais grave, um deles teve uma mão decepada, o joelho cortado e está com uma bala alojada na coluna e outra na costela. Ainda não há confirmação sobre a autoria do ataque, mas a área é disputada por fazendeiros da região. Após o registro do ataque, a Polícia Militar do estado foi deslocada para a região para intervir no conflito.
Tribunal de Justiça: A Secretaria de Direitos Humanos do Maranhão informou que vai destacar uma equipe para investigar o caso e ouvir os indígenas transferidos para São Luís. De acordo com a secretaria, o governo do estado está agindo para garantir a segurança na área. Esta não é a primeira vez em que os gamelas são alvo de ataque. Nos dois últimos anos, foram registradas duas tentativas de ataques a tiros, mas os suspeitos foram expulsos pelos indígenas. Em 2016, o Tribunal de Justiça do Maranhão suspendeu a integração de posse da área. O pedido foi solicitado por um empresário da região e aceito pelo juiz local.
Funai cria grupo de trabalho para investigar ataque a índios Gamela no Maranhão
A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou hoje (2) que criou uma frente de trabalho para visitar o Povoado de Bahias, em Viana (MA), onde indígenas Gamela foram atacados no domingo (30). O grupo será formado por servidores da Funai de Brasília e do Maranhão e, segundo o presidente da fundação, Antônio Costa, fará um relatório sobre a situação no local para embasar as ações do órgão indigenista. Os indígenas foram atacados por homens armados com facões e armas de fogo. A região é palco de conflitos agrários. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), pelo menos 13 índios foram feridos.
Costa disse que a Funai irá acompanhar também o inquérito policial que apura o caso. “A partir desta tarde, as providências estão sendo tomadas para que servidores se desloquem para o local para providência de um relatório. Além disso, tem também as providências jurídicas que estão sendo tomadas pela nossa procuradoria-geral para o acompanhamento legal do inquérito junto à delegacia de Viana”, disse Costa após comandar reunião na sede da Funai em que o tema foi discutido.
O presidente do órgão indigenista disse que o pedido de solicitação de demarcação de terra dos Gamela só chegou efetivamente à Funai em 2016 e que a instituição não tem pessoal suficiente para analisar os vários processos. “Ele faz parte de um rol de vários processos de solicitação de demarcação de terra e que, devido à quantidade de processos que a Funai tem hoje e a mão de obra escassa que a instituição vem passando nos últimos anos, impossibilita a instituição de poder acompanhar todas essas solicitações”, justificou. Costa disse que vai se reunir esta tarde com o secretário-executivo do Ministério da Justiça, José Levi, para tratar do caso.